André Dias diz-nos outra coisa

Descobri que ao ECO interessa mais a economia que a vida das pessoas. Talvez tenha sido ingénuo em pensar o contrário, já que é um jornal económico digital. Mas o que desconhecia era a parcialidade e o desespero para encontrar opiniões contraditórias. Alias, correndo pela secção de “opiniões” vão todas no mesmo sentido, da insinuação, que as medidas de contenção não servem para nada e são produto do medo. Uma destas “opiniões” é do André Dias com quem tive o prazer de debater no Facebook e verificar que pouco ou nada entende daquilo que diz entender. Uns dias depois qual foi a minha surpresa ao verificar que tinha sido convidado para escrever um artigo de opinião no ECO. Um artigo pobre e minado de erros e pressupostos sem fundamentação do principio ao fim. Escrito, relembremos, por uma pessoa que espalha fake news nas redes sociais dizendo que “99,9% das pessoas que morrem disto [Cov2] são doentes terminais” e que “morrem 150.000 pessoas por gripe no inverno”. Procuro aqui desconstruir este artigo com as devidas referencias e fundamentos que o artigo original não faz. É triste verificar que as fake news são as opiniões mais partilhadas. As pessoas querem acreditar naquilo que as faz sentir melhor, preferem não enfrentar a realidade quando ela é dura.

99
150000

Passemos então a desconstruir este artigo.

Começa como se a comunidade cientifica fosse praticamente consensual com as ideias que aqui partilha de tal forma que diz que é ciência que já tem 100 anos. Como se há cem anos se soubesse o que são vírus, como se há cem anos não se tivesse dito que a gripe espanhola fosse causada pela influenza planetária, tal era o desconhecimento sobre agentes patogénicos.

André diz que “Neste momento (escrito a 23 de Março), não há nenhuns dados fiáveis para estimar a letalidade da covid19, pode ser 0,001% ou 5%”. Mas logo de seguida mostra bastantes certezas na forma como escreve sobre a gravidade deste vírus. Afirma que as estimativas iniciais da gripe suína (a famosa gripe A) em 2009 davam uma estimativa inicial de mortalidade na ordem dos 30%. Diz isto sem apresentar qualquer prova do que escreve. Eu procurei por alguém que tivesse dito em 2009 que a mortalidade estimada era na ordem dos 30%, não encontrei ninguém. O vírus da gripe A foi isolado em Abril de 2009 e o primeiro caso conhecido foi rastreado até ao Mexico a 9 de Março e em Junho a OMS declara a pandemia. Em Julho de 2009 o NHS declara que o “case fatality ratio” deverá andar a volta dos 0,5%… Portanto obviamente não se fechou tudo em casa como agora porque a situação é totalmente diferente. Diz que a mortalidade acabou abaixo de 1% e não “fez dano nenhum”. Assume aqui que a morte de 284,500 pessoas, a maioria de idade adulta e muitos jovens, não é dano nenhum. O que faz duvidar para que raio servem as vacinas se não previnem dano nenhum.

Alem disso há outras diferenças e factos cruciais que o André se esquece de mencionar. O índice de letalidade da gripe A foi de facto mais mais baixo do que o esperado, mas isto não significa que é sempre assim. Por exemplo o SARS de 2003 começou por ter uma taxa de fatalidade de 6% a 7%, mais foi confirmado depois ser na ordem dos 14 – 15%. As estimativas não são sempre acima da realidade, às vezes são abaixo…

Quero deixar claro aqui a diferença entre taxa de letalidade por caso (CFR), índice de letalidade por infecção (IFR) e taxa de mortalidade bruta. Esta diferença é crucial para se ter uma compreensão mínima sobre os riscos epidemiológicos de um agente patogénico.

O CFR é o rácio de mortes do agente patogénico pelo numero total de casos confirmados em laboratório. Por exemplo se por cada 100 pessoas infectadas e cuja infecção está certificada por testes, morrer 1, temos um CFR de 1%. O IFR é o rácio entre o numero total de infectados, confirmados ou não, e o número de mortos. É sempre uma estimativa se existirem casos não confirmados da infecção, isto pode acontecer por inúmeras razões. Podem não haver testes suficientes para confirmar o agente infeccioso nos doentes ou pode haver infectados sem sintomas que não precisam de cuidados médicos e portanto não são testados. Finalmente a taxa de mortalidade bruta é simplesmente a probabilidade de morrer com a infecção no total da população. A taxa de mortalidade bruta é sempre menor que a IFR porque não é possível infectar 100% da população, a imunidade de grupo impede que isso aconteça, e a IFR é sempre menor ou igual que a CFR, porque os casos confirmados são sempre iguais ou em menor número que o numero total de infectados. Isto é importante no caso do covid-19 porque há um número indeterminado de pessoas que não têm sintomas ou têm sintomas leves que não necessitam de cuidados hospitalares e portanto não são identificados. Este raciocínio é válido se o numero total de mortes for contabilizado.

André continua dizendo que os “únicos dados minimamente fiáveis que temos de testes virológicos são do cruzeiro Diamond Princess”. Parece que imediatamente se esqueceu das incertezas que falou inicialmente e dos ensinamentos dos “últimos 100 anos de epidemiologia”. À data de redacção do seu artigo a IFR do cruzeiro era 1%, mas à data de hoje 11 de Abril é 1,5%. O que aconteceu?! Morreram pessoas entretanto, foi o que aconteceu! Daí que fazer estimativas no inicio quando ainda há vários casos activos e casos em estado critico é prematuro, que neste caso saiem sempre abaixo da realidade.  Neste momento, ainda estão 10 pessoas em estado critico do navio. Isto demonstra não só que a IFR pode ser maior que 1,5% como também o longo tempo de hospitalização que os casos mais graves necessitam. Sem duvida que o Diamond Princess é um bom caso de estudo para fazer algumas estimativas mas é preciso ter em atenção as particularidades daquilo que estamos a falar. Os passageiros que necessitaram de cuidados hospitalares tiveram os melhores que a medicina moderna pode oferecer e alguns dos mais graves foram tratados com antivirais experimentais que parecem ter funcionado. A media de idade das pessoas a bordo era de 58 anos, uma idade avançada mas longe de terem “1% com esperança média de vida de 6 meses”. O primeiro caso confirmado no navio foi de um passageiro que saiu do barco em Hong Kong a 1 de Fevereiro, a 3 o navio foi posto sob quarentena e a 5 os passageiros foram confinados às cabines. O que significa que os passageiros e tripulantes não poderiam sair das cabines sem inúmeras restrições, mas apesar disso o André não encontra nenhuma possível explicação para que apenas 712 das 3711 (20%) das pessoas a bordo tenha sido infectada… a 20 de Fevereiro 18% dos infectados não tinham qualquer sintoma.

Kenji Mizumoto um epidemiologista da Universidade de Kyoto no Japão refere que antes da quarentena cada passageiro infectado iria infectar em media mais do que 7 outras pessoas (Rt > 7) devido aos espaços confinados, depois da quarentena esse numero caiu para menos de 1 pessoa, o suficiente para suprimir a infecção.

Daqui para a frente começam as mentiras e meias verdades. Diz a partir do barómetro europeu da mortalidade geral http://www.euromomo.eu/ que “todos os picos anteriores são causados principalmente pela gripe sazonal”. Ora isso não está escrito em lado nenhum nesse mesmo site, nem sequer isso é dito pela maioria dos especialistas. Há diversas causas para o numero superior de mortes no Inverno, a gripe é uma dessas causas mas não é a principal. É estimado que 5% das mortes acima da media no inverno no Reino Unido sejam por gripe, mas isto é altamente variável. Há muitas outras condições que matam mais pessoas no Inverno do que no verão. Depois diz que a mortalidade atinge o “pico máximo na semana 12”, não sei como o pode dizer se em nenhum caso demonstrado é na semana 12, mas se tal não é claro aqui no euromomo devido à construção dos gráficos, vejamos o caso do Reino Unido nesse aspeto nos ultimos 15 anos. O pico de mortalidade apenas se prolongou até a semana 14 em 2013, foi sempre muito mais cedo, pelo menos desde 2005, e está sempre associado a ondas de frio que não se fizeram sentir este ano.  O pico das ILI (Influenza like diseases) nunca é na semana 12 em anos de gripe sazonal, é sempre em Janeiro. Nem sequer o pico de mortalidade do Covid19 na Europa será na semana 12, mas muito depois disso. Isto porque este vírus (SARS Cov-2) não é o influenza nem sequer está associado ao frio porque não é sazonal, é uma pandemia nova e um vírus novo com comportamento que não é inteiramente conhecido. O que é claramente visível agora no euromomo, que tem sempre algumas semanas de atraso, é a evidente subida vertiginosa de mortes em alguns países europeus correspondentes às ultimas semanas de Março.

picos

Janeiro é em media o mês mais mortífero

january
De facto as doenças pulmonares são a principal causa de morte acima da média no Inverno, mas dentro das doenças pulmonares cabem uma infinidade de patologias que se podem agravar no inverno.

excess

A pneumonia é responsável por 34,8% de todas as  mortes por excesso causadas pelo aparelho respiratório no Reino Unido. Um estudo Alemão aponta que de uma amostra de 5032 casos de pneumonia entre 1 de Junho de 2002 e 30 de Abril 30 de 2007, apenas 3,4% tinham o vírus influenza associado. Já um outro estudo Italiano que analisou 4 anos estimou que 68.000 mortes durante esses 4 anos foram devido à gripe e concluiu que foi provavelmente a principal causa das mortes acima da media no inverno. Há incertezas sobre o peso da gripe sazonal no maior numero de mortes de inverno. Certamente é considerável mas há outras causas. O perigo e o peso da gripe não deve ser menosprezado, pela quantidade de vitimas que faz não deve servir de barómetro para o que é perigoso ou não para a saúde publica, mas não é a “esmagadora” causa de mortes acima da media no Inverno.

esmagadora

André continua: “Há quase uma certeza de que a covid19 terá o mesmo comportamento e deixará de ter relevância em breve”. As incertezas iniciais passaram a certezas. Certezas que um vírus novo e para o qual provavelmente ninguém tem imunidade, desaparece apenas porque para ele todos os vírus são como a gripe. Esquece-se certamente que por exemplo o pico da gripe A em 2009 foi em Junho porque uma grande parte da população não tinha imunidade e portanto o período infeccioso não dependia tanto do frio.

Refere: “As pessoas mais vulneráveis, que morriam em casa, lares, cuidados paliativos, são agora enviados para hospitais centrais por medo de os cuidadores se infectarem e porque, sendo uma doença de notificação obrigatória, têm de ir para hospitais de referência”. Isto é pura invenção e mentira. Eu trabalho no sector de apoio social no Reino Unido e nada disto se passa. As noticias aqui, em Portugal, Espanha e em Itália são precisamente o contrário. Os idosos acamados estão a morrer nas residências muitos não são testados para o Covid19, o que pode estar a esconder algumas mortes causadas pelo Cov2. As pessoas com pouca esperança de recuperação devido à idade avançada ou condições de saúde fracas por vezes nem recebem tratamento hospitalar quando precisam porque este está a ser canalizado para pessoas mais saudáveis e com maiores probabilidades de sobrevivência devido à escassez de recursos. Em circunstâncias normais os cuidados de saúde não são negados aos idosos em caso de pneumonia e hipoxia. Não deverá haver diferença de tratamento seja a infecção causada pela gripe ou pelo covid19.

Prossegue dizendo que o SNS colapsa todos os anos e que é “normal” os crematórios colapsarem, não adiantando nenhuns números ou comparações para defender o que escreve.

O que André se esquece ou não quer compreender é que na gripe sazonal só uma pequena percentagem da população é infectada todos os anos porque existe alguma imunidade de grupo de um ano para outros. Inclusive na gripe A alguns adultos tinham imunidade natural e a doença apenas afectou uma parte da população por isso mesmo. No Cov2 provavelmente não há qualquer imunidade o que faz com que perto de 100% da população mundial esteja exposta. Mesmo que sejamos optimistas e o virus tenha uma IFR semelhante a gripe, durante o pico do Cov2, porque não há qualquer imunidade na população e porque o Sars cov-2 é mais contagioso, 3 a 5 vezes mais pessoas ao mesmo tempo vão requerer cuidados hospitalares, o que mais do que colapsa os serviços hospitalares, que como o André refere, durante a gripe já colapsam. Quando os cuidados hospitalares não podem ser fornecidos por estarem sobrecarregados mais pessoas vão morrer do que o esperado. Daí a necessidade de baixar a taxa de contagio para que menos pessoas estejam infectadas ao mesmo tempo e dar maior capacidade de resposta aos serviços de saúde.

No Estado de Nova Iorque até agora, dia 11 de Abril, morreram já 8627 pessoas pelo Covid19, o que faz dele a terceira causa de morte anual comparativamente a 2017. Isto em apenas pouco mais de 1 mês, e os números não vão ficar por aqui, mas já é o dobro dos números da gripe em 2017. Há inúmeras evidencias que este vírus é mais perigoso que a gripe por varias ordens de magnitude e não afecta apenas pessoas com uma esperança de vida de 6 meses. * (Our world in data)

Refere que em Itália “Em picos de gripe, morrem em média cinquenta pessoas por semana por cada 100.000 habitantes.” sem apresentar referencias. Prossegue dizendo algo incrível, incrivelmente errado… diz que é normal um  “aumento de 140% de mortalidade em Bergamo, em relação ao ano passado”! Portanto se normalmente morrerem 50.000 pessoas, ao morrerem 120.000 no ano a seguir, isso é absolutamente normal! Acho incrível como se normalizam mortes. Até onde passa a ser “anormal” só com 1 milhão de mortes a mais?! Depois refere “Provavelmente a mortalidade ficará várias vezes ainda abaixo de 2014 quando morreram 54 000 em excesso por todas causas em Itália, um aumento de três vezes mesmo em relação a picos de gripe”. Isto saiu do estudo Italiano sobre a gripe que gosta tanto de mencionar, mas o que esse estudo diz na realidade é que morreram 54.000 pessoas por excesso no Inverno de 2014/2015 por todas as causas, o que representa um aumento de 9,1% em relação ao inverno anterior!!! Um aumento de 140% é tudo menos normal, Sr André! O mesmo estudo aponta que nesse mesmo inverno a gripe sazonal tenha sido responsável por 20.000 mortes, ou seja menos de metade dos mortos por excesso. Neste momento a Itália já tem perto de 20.000 mortes contabilizadas por covid19 e a epidemia ainda não acabou, todos os dias morrem centenas de pessoas em Itália. Os números da gripe sazonal vão ser rapidamente ultrapassados.

Depois refere que na Holanda os políticos decidiram continuar a vida como se nada fosse. À data da redacção deste artigo a 26 de Março, já haviam restrições nos Países Baixos, como regras de distanciamento social, cancelamento de eventos com grandes aglomerações de pessoas e escolas temporariamente fechadas, isso não é “continuar a vida como se nada fosse”.

“os vírus pulmonares são sempre lentos, nunca infectam mais de 30% das pessoas por ano, não importa o “como” e “onde”. Os vírus rápidos são os vírus que estão disponíveis na pele ou secreções, que têm protecção do ambiente até ao momento de infectar um novo hospedeiro.”

Esta passagem para mim é misteriosa porque não entendo o que quer dizer com vírus (rapido) e (lento). Este tipo de linguagem não é usado por nenhum epidemiólogo. Assumo que se refere ao R0 que é simplesmente a taxa de propagação media do virus – a quantidade de pessoas que é contagiada por cada infectado. No caso do Sars Cov2 é 1.4–3.8 da gripe sazonal é 0.9–2.1 e do Sarampo 12–18. Isto tem importância na velocidade de propagação do vírus. Um vírus que se transmite a menos pessoas leva mais tempo a contagiar o mesmo numero de pessoas. Se o R0 for maior que 1 e não houver ninguém naturalmente imune ao virus este infecta sempre mais de 50% da população. Não há qualquer evidencia que exista alguma imunidade natural ao vírus, mesmo os assimtomaticos são infectados e transmitem o vírus, a diferença está apenas na severidade da infecção. Os vírus mais contagiosos transmitem-se sempre por via aérea e resistem muito tempo no ambiente, como é o caso do sarampo. Se apenas se transmitisse por toque não seria tão contagioso. Há evidencias que o Sars Cov2 resiste muito tempo em superfícies e transmite-se por via aérea, juntando isto a uma larga janela de contagio e a contágios por pessoas assintomáticas, tornam este vírus muito difícil de conter.

Este simulador epidemiológico mostra como um vírus se espalha pela população usando vários parâmetros.

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Com numero de casos inicial de 1000, numa população total de 10 milhões pessoas e um R0 de 1.5 o pico é no dia 140, para um R0 de 3 o pico é no dia 52.

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Termina dizendo mais uma mentira que “A gripe tem sempre estirpes com imunização zero. “. Nunca tem imunização zero. Não teve na gripe A como foi demonstrado acima nem provavelmente teve na gripe Espanhola que não afectou muito a população mais envelhecida.

Diz também sem qualquer evidência que os investigadores do instituto Helmholtz acham que é uma “loucura” o que se está a fazer. Não sei de onde tira esta conclusão, será apenas da sua cabeça?! Felizmente o instituto Helmholtz está online e tem informações sobre a pandemia. Neste artigo de 2 de Abril diz “The world needs to be prepared for a long haul if it is to successfully combat COVID-19.” … “if the restrictions were relaxed too soon in the event of a short-term or even supposed decline in the number of illnesses, a renewed strong wave of infection could occur. This in turn would have to be answered with severe restrictions in public life – a spiral is created.” – completamente diferente da visão do André. Alertam para os perigos da devastação económica e saúde mental que eu não nego, mas não dizem de todo que as medidas de contenção não servem para nada nem chama a isso uma “loucura”.

E que “provavelmente terá sido a qualidade do ar de Wuhan que terá despoletado os alertas de surto e as medidas de contenção chinesas. Apenas mais um entre muitos exemplos de especulação sem fundamento. Wuhan nem sequer é a cidade mais poluída da China, as grandes cidades chinesas têm níveis de poluição semelhantes.

Os pressupostos do André assentam na presunção infundada que a maioria das pessoas já está neste momento infectada ou já foi recentemente infectada e que o número de assintomáticos é centenas ou milhares de vezes maior,  e portanto as medidas de contenção não funcionam quando existem provas em contrário. Infelizmente para ele e para nós os mais recentes estudos (1) (2) que começam a sair apontam que a grande maioria da população ainda não teve contacto com o vírus…  no entanto continua a teimar que tem razão. É essa a diferença entre um comentador do Facebook que procura ter razão a todo o custo e um cientista que procura a verdade. Eu também gostava de acreditar no André porque respeito a vida humana, infelizmente a verdade dos factos sobrepõem-se ao desejo de acreditar em mentiras.

 

23 thoughts on “André Dias diz-nos outra coisa

  1. não sei porque gasto tempo a tentar a ressuscitar mortos.
    mas olhe lá o que 5 segundos de pesquisa sobre

    “Diz isto sem apresentar qualquer prova do que escreve. Eu procurei por alguém que tivesse dito em 2009 que a mortalidade estimada era na ordem dos 30%, não encontrei ninguém”:

    https://www.theguardian.com/world/2009/may/12/swine-flu-report-pandemic-predicted

    A partir daqui, não vou gastar energia mental a ler lixo.
    Sugiro que tente descobrir qual ou quais os experts em virologia e pandemia foram consultados para efectuar o tal lockdown.

    O que acha da suecia não fazer lockdown?
    sera que temos a loiras suecos em vias de extinção?

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    • Nao encontro nada sobre mortalidade de 30% neste artigo, sera que se enganou com o link?

      “It estimated that swine flu had killed between 0.4% and 1.4% of its victims in Mexico. The report’s lead author, Christophe Fraser, said it was too early to predict what the death rate was likely to be outside Mexico. “My hunch is that the death rate will be lower elsewhere – Mexico has underlying issues with respiratory disease,” he said”

      “I am not predicting three million to four million [deaths]. That was what happened in 1957. The world is a very different place today. There are more people in the world, but there is also a much better healthcare system. We have drugs and vaccines, particularly in developed countries, which should markedly reduce the burdens of the disease.”

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    • Tem razão, não devia gastar tempo nenhum a ler, até porque não sabe ler evidentemente.

      Onde está nesse artigo do Guardian dito que a “letalidade”, sublinho, letalidade que foi a palavra que o André usou vai ser 30%?????

      Vou parafrasear o André:

      “Neste momento (escrito a 23 de Março), não há nenhuns dados fiáveis para estimar a letalidade da covid19, pode ser 0,001% ou 5%. Tudo isso é ruído. O número de infectados pode ser o que conhecemos ou dez mil vezes maior (sim, dez mil vezes).

      Só com chegada de testes serológicos se começa a ter real imagem da doença na sociedade. A Holanda anunciou ter conseguido um teste marcador de anticorpos, mas são desconhecidos quaisquer resultados até agora.

      Por exemplo, a gripe Suína começou com estimativas de 30% — literalmente extinção humana em poucos meses — e acabou abaixo de 1%, abaixo da gripe sazonal e não fez dano nenhum.”

      Claramente estava a falar na letalidade e não no numero de infectados.

      O que mais me espanta é o numero de pessoas que segue este lixo escrito na Sapo Eco…

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  2. Obrigada pela análise, a pedido de uma amigo que está a aceitar a logica do André Dias fiz um esforço enorme de suportar 55min de entrevista que pelo que entendi reflecte o conteúdo do artigo aqui analisado. Foi difícil pois de facto, mesmo sem consultar alguns dos dados aqui apresentados é imediato que a análise do autor (AD) é de um bias confrangedor, apenas consigo encontrar verdade no que ele diz sobre o Jorge Buescu que o iOS um nicho ecológico no lado oposto do espectro de opiniões. Agradeço a análise cuidada mas gostaria de saber algo mais sobre o autor deste blog. Obrigada e cumprimentos

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    • Ainda não vi a entrevista, não tive tempo ainda. Vi só os 15 minutos iniciais. O que me impressiona mais é que ele olha para as mesmas coisa que eu vê coisas diferentes. Isso para mim é que é difícil entender. Claramente o Euromomo que tem semanas de atraso, mostra uma subida vertiginosa de mortes em alguns paises Europeus. Alguns países tem meses ou anos de atraso.
      Os números não tem comparação com nenhum evento recente.

      A mortalidade em Espanha pelo euromomo.eu está a um nivel nunca antes visto.

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    • Muito boa entrevista, obrigado pela partilha. já fiz uma primeira análise e concordo com algumas coisas que ele disse e discordo de outras. O entrevistador é muito bom também. Fez as perguntas certas e pediu os esclarecimentos certos.

      Este senhor sim merece atenção devido ao currículo e experiência que tem.

      Vou fazer fazer uma critica mais aprofundada desta partilha

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  3. Obrigado pelo esclarecimento. Mas uma coisa é certa. A doença afecta principalmente os mais idosos sendo muito pouca letal para os restantes. Os custos económicos, sociais e até de saúde por causa deste medo são insuportáveis. Deveriámos deixar as pessoas jovens andar livremente e confinar as pessoas mais idosas e com problemas de saúde. Concorda?

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    • Sim a doenca afeta principalmente os mais idosos, mas nao so. A proporcao relativamente a gripe, em especial, nas taxas de hospitalizacao, os dados deste virus sao assinalaveis.

      Nao acho que os custos economicos e sociais sejam “insuportaveis”. Nao concordo com lockdown sem estrategia e nesse ponto sou critico da forma como muitos governos tem reagido por instinto e sem estrategia definida. O lockdown pode ser necessario mas nao se deve prolongar por mais de dois meses no maximo.

      A abertura dos espacos a populacao deve ser feita de forma gradual.

      Eh quase impossivel confinar os mais idosos e os que tem problemas de saude, como provam as estatisticas de morte mesmo em paises em lockdown. A melhor forma eh mesmo o distanciamento social na tentativa de esmagar o virus e reduzi lo a focos infecciosos definidos. A partir desse momento abre-se a economia e tem de ser feita a estrategia Alema ou Sul Coreana. Teste teste teste, e isolamento e rastreio intensivo para reduzir os picos de afluencia aos hospitais e ganhar tempo para se descobrir novos tratamentos mais eficazes

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      • Não acha que os custos económicos e sociais do lockdown vão ser “insuportáveis” porque provavelmente não entende como funciona uma economia financeirizada, globalizada e totalmente interdependente como a que temos hoje. Se a quarentena não é levantada muito rapidamente, os custos económicos, sociais e políticos vão ser ASTRONÓMICOS. Sim, estou a falar de fome, pilhagens, caos social e político.
        Se as contas do A. Dias estão bem ou mal feitas é um bocado irrelevante. Ele tem completa razão no principal. Pôr de quarentena a economia (ainda por cima a nível global!) por causa dum vírus é um completo suicídio e talvez por isso nunca se tenha na história da humanidade. É inédito. Se a humanidade combatesse vírus à base de quarentenas, já estaria extinta há milhares de anos! As quarentenas só fazem sentido enquanto o vírus está confinado a um local. Quando já se espalhou por todo o país, por todo o mundo, para que é que serve a quarentena? Proteger os sistemas de saúde? Mas que sistema de saúde é que vai haver em 2021 se o PIB cair 20% este ano e 50% no seguinte? Uma quarentena geral só serve para criar a tempestade perfeita: destruir a economia das pessoas, das empresas e do estado, bancos falidos, estados falidos, serviços de saúde e de pensões falidos, milhões de pessoas no desemprego e na miséria, caos social, etc..
        Saldo final: para garantir mais uns meses/anos de vida à boomer generation destrói-se o futuro da gerações Y e Z. Paciência, que tivessem nascido mais cedo. É isso? Porque é isso o que na prática estão a defender as pessoas que acham que é muito cedo para relaxar a quarenta,

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      • Discordo totalmente. Já em 2021 vamos ter um fortissimo crescimento economico em todo o mundo. Esta recessão não tem nada a ver com as outras. Estamos já a abrir progressivamente e a voltar a normalidade que será, na medida do possivel, normal já em Julho.

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  4. Se olharmos para os dados, do Euromomo, principal argumento do Prof. André Dias, vemos que nos países mais afectados os picos de mortalidade são nunca vistos nos intervalos disponíveis, tudo o resto cai por terra.
    Sobre a Suécia, por algum motivo mudou de política e neste momento tem um número de mortes crescente, com de TX de mortalidade de 14.8 por 100.000 hab. quando os vizinhos nórdicos têm 2.7 e 1.6

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  5. https://reason.com/2020/04/17/covid-19-lethality-not-much-different-than-flu-says-new-study/

    Between 48,000 and 81,000 residents of Santa Clara County, California are likely to have already been infected by the coronavirus that causes COVID-19, suggests a new study by researchers associated with Stanford University Medical School. The researchers tested a sample of 3,330 residents of the county using blood tests to detect antibodies to determine whether or not they had been exposed to the coronavirus. If the researchers’ calculations are correct, that’s really good news. Why? Because that data will help public health officials to get a better handle on just how lethal the coronavirus is, and if researchers are right it’s a lot less lethal than many have feared it to be.

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  6. é pena que não se fale do essencial que é a questão da Suécia e Islândia.
    Quando explicarem porque é que eles estão a ter sucesso sem medidas de confinamento, eu acredito que isto é Fake.

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  7. Pingback: A lot of bullshit about the coronavirus | Opinion

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